sexta-feira, 15 de março de 2013

Antonio Falcão: Projeto de Incentivo à Leitura (Proler/Ce). Os projetos atuais não têm consistência, o resultado é vermos crianças e jovens perdidos, sem noção de cidadania, sem amor aos livros.

 Antônio Falcão, Coordenador estadual do Projeto de Incentivo à Leitura (Proler/Ce). A partir de 1981, saiu pelo Brasil afora, participando de conferências, palestras e outros eventos tentando despertar nas crianças, jovens e adultos o interesse pela leitura. Reside atualmente na Rua Amaro Cavalcante, 25 (Monte Castelo), e mesmo com o peso da idade, e enfrentando problemas de saúde, está sempre em busca de soluções para combater o analfabetismo, que, segundo ele, é o maior problema enfrentado pelo Brasil em todos os tempos, fazendo com que nosso povo fique cada vez mais alienado, colocando o futebol, carnaval, novelas e outras diversões irrelevantes acima da leitura.

“Já percorri o país inteiro, de casa em casa, de rua em rua, de bairro em bairro, mostrando a todos os brasileiros a importância da leitura para o crescimento sócio-intelectual de qualquer ser humano. Já estive com governadores, ministros, secretários, senadores, deputados, prefeitos, vereadores e outras autoridades, notadamente àquelas ligadas à Educação, mostrando o que pode ser feito para erradicar o analfabetismo cultural do solo brasileiro, mas elas fazem de conta que não ouvem. Já tirei muito dinheiro do bolso, enviando milhares de correspondências para órgãos de imprensa, entidades públicas e privadas, buscando apoio para a campanha em prol da leitura, mas as respostas sempre foram desanimadoras”, afirma seu Falcão.

Para ele, a situação está ficando cada vez pior porque o Brasil não cumpriu a promessa, feita num fórum promovido entre vários países em 1990, de erradicar o analfabetismo até o ano 2000. “Ora, já estamos entrando em 2013 e está é longe de essa promessa ser cumprida. Nossas autoridades deviam pelo menos se esforçar para que isso fosse uma realidade em 2022, quando estaremos comemorando os 200 anos da independência deste país. Poderiam abrir mais bibliotecas e chamar o povo para frequentá-las com mais assiduidade; poderiam aproveitar os milhões de desempregados que temos e transformá-los em vendedores de livros, gerando empregos, estimulando a produção das editoras, o comércio e, acima de tudo, aproximando as pessoas da leitura. Enfim, tem uma série de coisas que poderiam ser feitas, mas eles preferem lançar projetos mais na base do “faz de conta”, para insinuar que estão fazendo alguma coisa neste sentido. A prioridade deles é fazer festa, ainda mais com patrocínio oficial de empresas que vendem bebidas alcoólicas.” 

Seu Falcão acrescenta que, infelizmente, como os projetos atuais não têm consistência, o resultado é vermos crianças e jovens perdidos, sem noção de cidadania, sem amor aos livros. “É por isso que a maioria sente-se no direito de desrespeitar os pais e ameaçar professores em sala de aula. Enquanto o povo brasileiro não tiver uma sólida bagagem de conhecimentos e informações, jamais conseguirá reduzir os índices de criminalidade que afligem atualmente todos os centros urbanos”, conclui.

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