Por esse gráfico, notamos que a proporção de homens analfabetos supera a das mulheres em todos os grupos de idade, com exceção da faixa etária igual ou superior a 50 anos. Isso reflete a histórica exclusão das mulheres do sistema educacional. Antes, elas acessavam menos a escola. A partir do momento em que se universalizou o ensino, elas passaram a ser as maiores beneficiadas nos mais variados indicadores educacionais utilizados – e com a alfabetização, como se vê, não é diferente.
Mas, a desigualdade de gênero na alfabetização não é o maior dos problemas. Pelo contrário, Rosemberg e Madsen (2011) afirmam que o sexo é a variável que apresenta menor diferencial nessas taxas. O problema é muito mais grave quando olhamos para a questão racial. Se compararmos as taxas de alfabetização de homens brancos e negros (pretos + pardos), na Figura 2, veremos que as disparidades são assustadoras.

Taxa de analfabetismo de homens por grupos de idade, segundo a cor/raça. (Fonte: PNAD 2009, baseado em ROSEMBERG & MADSEN, 2011)
Tanto o gráfico acima quanto o gráfico abaixo partem dos mesmos dados e foram elaborados na mesma escala, então é possível comparar o tamanho das colunas entre os dois. Note que, de fato, as mulheres são mais bem escolarizadas, mas as diferenças entre brancos/as e negro/as são altas para ambos os sexos.

Taxa de analfabetismo de mulheres por grupos de idade, segundo a cor/raça. (Fonte: PNAD 2009, baseado em ROSEMBERG & MADSEN, 2011)
Na realidade, são dois os fatores que explicam essa redução: (1) a escolarização da população mais jovem e (2) a morte da população mais idosa, na qual se concentram os analfabetos. É a velha de política de erradicar o analfabetismo pela morte dos analfabetos. Enquanto isso, tenta-se cuidar da alfabetização da população jovem. Pelo gráfico abaixo (Figura 4), podemos perceber que, de fato, ao longo dos anos escolares ocorre a alfabetização das crianças, mas de forma completamente desigual.

Trajetória
da taxa de alfabetização entre as crianças e jovens de 5 a 14 anos,
segundo a idade, por sexo e cor/raça. (Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000, extraído de FERRARO, 2011)
É importante conjugar esses aspectos com outros indicadores educacionais para entender por que reproduzimos desigualdades educacionais tão marcantes, em especial no que diz respeito à cor/raça. O relatório do IPEA (2010) ainda reforça que os cursos de alfabetização para jovens e adultos tem sido subutilizados, o que coloca sobre a educação básica a maior responsabilidade pela educação e alfabetização de meninas e meninos, brancas/os e negras/os.
Ler e escrever são direitos de toda a população e cabe ao Estado, em seu dever inegável, tomar para a si a responsabilidade de investir na educação de forma a democratizar esses e outros direitos do campo educacional.
VIA http://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/08/31/alfabetizacao-genero-e-raca-no-brasil-as-desigualdades-no-ler-e-escrever/
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